segunda-feira, 23 de setembro de 2024

LinkedIn e Instagram: A Dualidade das Redes Sociais e Sua Toxicidade Oculta

 Nos últimos anos, as redes sociais tornaram-se parte integral da vida moderna, permeando cada aspecto da nossa existência. Entre as várias plataformas, LinkedIn e Instagram se destacam por razões distintas: enquanto o Instagram molda nossa percepção visual e social, o LinkedIn constrói uma imagem "profissional" de sucesso. No entanto, apesar de seus propósitos divergentes, ambas as redes sociais têm um traço em comum — podem ser tóxicas e prejudiciais para a saúde mental e emocional de seus usuários.


LinkedIn: A Utopia Corporativa?


LinkedIn surgiu com a promessa de ser a plataforma ideal para conexões profissionais, um espaço onde indivíduos e empresas podem interagir e criar redes de contatos que facilitam oportunidades de trabalho e crescimento na carreira. Na prática, no entanto, muitas vezes o que encontramos é uma vitrine de currículos perfeitos e trajetórias irreais, que fomentam um ambiente de competição sufocante.

Os usuários são bombardeados com postagens de "sucesso" e de conquistas profissionais de seus contatos, como se todos estivessem sempre no auge de suas carreiras. Isso cria uma narrativa insustentável para quem está desempregado, insatisfeito ou passando por dificuldades. A pressão de manter uma imagem impecável e inspiradora no LinkedIn gera, para muitos, um sentimento de inadequação e fracasso.


Além disso, há o grande problema das vagas de emprego. Quantas vezes enviamos currículos, candidaturas e mensagens a recrutadores e jamais recebemos uma resposta? A expectativa de retorno é frustrada pela falta de feedback, gerando ansiedade e sensação de invisibilidade. O LinkedIn, em teoria, deveria facilitar a comunicação entre candidatos e empresas, mas na prática, essa comunicação é unilateral e ineficaz. O silêncio constante diante de um número imenso de aplicações sugere que a plataforma serve muito mais para alimentar a ilusão de oportunidade do que efetivamente para conectar trabalhadores com empregadores.


Instagram: A Farsa do "Lifestyle" Perfeito


Por outro lado, o Instagram funciona como uma vitrine da vida pessoal. Em vez de mostrar currículos e conquistas profissionais, exibe viagens, corpos esculpidos, momentos felizes e uma constante busca pela validação visual. As pessoas curtem, comentam e compartilham fotos que, muitas vezes, não são reflexo da realidade, mas uma versão editada, filtrada e cuidadosamente construída de quem somos — ou quem queremos parecer ser.


O impacto psicológico do Instagram é notável. O ambiente promove comparações incessantes, onde a autoestima é medida pela quantidade de curtidas e seguidores. A plataforma encoraja uma cultura de superficialidade, onde o valor de uma pessoa parece ser definido por sua aparência e estilo de vida, o que pode levar a sentimentos de inadequação, depressão e isolamento.


Toxidade Em Duas Vertentes


Em última análise, LinkedIn e Instagram compartilham uma característica perigosa: ambos promovem a insatisfação através de padrões inalcançáveis. No LinkedIn, a pressão é para ser o profissional perfeito — sempre crescendo, sempre inovando, sempre buscando o próximo grande marco na carreira. No Instagram, a pressão é para ser uma versão esteticamente perfeita de si mesmo, sempre feliz, sempre realizando, sempre em destaque.


Ambas as plataformas reforçam uma narrativa única: a de que o sucesso e a felicidade são lineares e visíveis. Mas a realidade de nossas vidas — tanto profissionais quanto pessoais — é muito mais complexa e matizada. Ao viver imersos nessas redes, acabamos comparando nossos bastidores (nossas lutas, falhas e inseguranças) com os palcos dos outros, criando uma visão distorcida do que é sucesso e satisfação.


O Caminho Para a Desintoxicação Digital


Talvez seja hora de reconsiderarmos como nos relacionamos com essas plataformas. Será que precisamos manter uma presença constante e, em grande parte, fictícia nessas redes? Deveríamos buscar formas mais saudáveis de fazer networking e cultivar conexões pessoais e profissionais autênticas, que não estejam sujeitas à validação digital?


A desintoxicação digital não significa abandonar essas ferramentas por completo, mas reconhecer suas limitações e usá-las de forma consciente. As redes sociais, afinal, são um reflexo de nós mesmos, mas não podem substituir a complexidade e a profundidade das interações humanas reais.


No fim, tanto o LinkedIn quanto o Instagram servem como lembretes de que o que vemos online é, muitas vezes, apenas uma pequena e cuidadosamente selecionada fração da realidade. E é nossa responsabilidade entender e gerenciar o impacto que isso tem em nossas vidas.


Sem comentários: